18 setembro 2015

VOZES PERDIDAS

VOZES PERDIDAS



O que acontece quando perdemos a chance de falar por nós mesmos?





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Caso não funcione o idioma "Português", procure por "Idioma Desconhecido".
Não consigo corrigir esse problema ao editar as legendas para o YouTube,
mas logo eu aprendo :)







Esse vídeo é do canal do YouTube Button Poetry, que apresenta talentos incríveis diariamente.

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Transcrição:


O primeiro dia em que percebi que eu era negro foi em 2000.
Tínhamos acabado de aprender sobre os negros pela primeira vez, na segunda série. 
No recreio, todas as crianças brancas me perseguiram pelo bosque, cantando "escravo".
Minha mãe disse que me recusei a sair por três horas.
Ela acha que estou perdida nas árvores, mas eu só precisava ficar mais perto das minhas raízes.
Por ser mulher mulher, ter um namorado é uma guerra.
Se 70% de nós sofre abusos durante a vida, quantos homens estão fazendo isso?
A resposta é nenhum homem, correndo mais rápido que a luz para completar uma missão.
E é isso que me dá nojo.
O segundo dia em que percebi que eu era negro foi num posto de gasolina.
Eu só tinha 25 centavos, então procurei algo para comprar.
O caixa andava de corredor em corredor, olhos fixos nas minhas mãos.
Essa foi a primeira vez que eu percebi que a cor da pele era um crime.
Meu corpo se tornou motivo para escrever leis, motivo para surras no fundo da sala de aula.
Meu corpo exigiu tudo, exceto respeito.
Me perguntam: "O que faz você se sentir inseguro?"
E eu luto para não gritar: "TUDO"
O terceiro dia em que percebi que eu era negro foi numa cafeteria "só de brancos".
Juntei minhas pernas, ativei meus pés e me aproximei de uma garota.
Ela me disse que eu não era o seu tipo.
Senti as palavras atirando punhais em minha melanina.
Nunca quis tanto desaparecer.
Por ser mulher, aprendi a responder a tudo, exceto ao meu nome.
Não me chamam de mocinha pela igualdade, mas para garantir que eu lembre qual é o meu lugar.
Eu luto entre querer ter direito ao meu próprio corpo e aceitar que há 1 chance em 4 de um homem reivindicar minha pele, um terreno a ser conquistado.
O último dia em que percebi que eu era negro foi num elevador, na Califórnia.
Quando a mulher branca me disse saber como é ser negro, porque ela cresceu pobre.
Gostaria de pedir para pensar antes de falar, mas sua mente deve estar infectada por bactérias
e qualquer filtro por desse labirinto de nada pode ser pior que nenhum pensamento.
Há um grupo de mulheres numa sala, compartilhando a sua definição pessoal de feminismo.
Ele é o único homem na sala e, de repente, o tom muda para a destruição do patriarcado através da aniquilação de todos os homens.
Você sabe o que significa ser negro?
Dançar para dentro e fora de abraços?
O problema não é você querer simpatizar, mas dizer que você conhece a minha dor é como esfaquear sua própria perna porque me viu levar um tiro.
Temos dois ferimentos diferentes e olhar para o seu não vai curar o meu.
Nunca recusarei um aliado, mas quando um homem fala em meu nome, apenas prova meu argumento.
Movimentos são motivados por paixão, não por afirmar-se dominante por um mundo que já o fez assim.
Você diz que conhece a dor que apenas imagina, porque nós falamos que ela estava lá.
Você não sabe nada sobre silêncio, até que alguém, que não pode saber da sua dor, te diz como curá-la
Todo dia é uma crucificação, quando não se respeitam limites ultrapassados.
Eu luto para que minha voz seja ouvida.
Eu luto pelas vozes que você silencia em nome do que é certo.
O problema é que você acha que essa luta está relacionada com classes sociais.
Sou negro e sou bonito por natureza, dinheiro nenhum pode mudar isso.
O problema em falar pelo outros é que todos acabam ficando sem voz.


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